O escritor paraibano Tarcísio
Pereira, que é secretário de Cultura em Guarabira, acaba de ser anunciado como
vencedor Prêmio Funarte de Dramaturgia. Num total de 178 inscritos no Brasil,
Tarcísio ficou em primeiro lugar pela região Nordeste. O resultado acaba de ser
homologado pela Fundação Nacional de Arte (Funarte) e publicado no Diário Oficial
da União.
O prêmio, lançado no último mês de
setembro pela Funarte, foi uma iniciativa para as comemorações dos 200 anos da
independência do Brasil, que estão previstas para 2022. O tema do concurso
foram os 200 anos de artes no Brasil. Tarcísio Pereira escreveu uma obra com
inspiração na famosa tela do pintor Pedro Américo, notadamente o quadro
intitulado “Independência ou Morte”, mais conhecido como “O Grito do Ipiranga”.
O concurso da Funarte, que concede
prêmios em dinheiro para os três primeiros colocados de cada região do Brasil,
também garante a publicação da obra, devendo ficar à disposição dos leitores em
formato Ebook na página da Funarte, por um período de 5 anos. Os três primeiros
colocados, pela região Nordeste, são dos estados da Paraíba (para Tarcísio
Pereira), além de Ceará e Bahia, respectivamente segundo e terceiro lugares.
A peça premiada de Tarcísio Pereira,
que leva o título de Pedro Boi, foi escrita para dois atores e, durante toda a
ação, acontece um encontro entre criador e criatura. “Pedro Boi é um personagem
extraído da tela de Pedro Américo”, explica o autor. “Quem observar o quadro de
Pedro Américo, vai ver aquele homem simples, uma espécie de caipira, puxando um
carro de bois com várias toras de madeira. Na composição da pintura, ele é o
homem que representa o povo e que assiste a cena do imperador diante da sua
guarda, dando o grito da independência. Mas a peça é, ao mesmo tempo, um
tributo a Pedro Américo e também um questionamento dessa obra sobre o momento
da proclamação”.
A peça acontece na cidade de
Florença, Itália, onde o artista pintou o quadro “Independência ou Morte”, no
ano de 1888. Tarcísio Pereira imaginou o momento em que Pedro Américo teria
terminado a obra encomendada pelo imperador, e tinha pressa de fazer a entrega,
já que o Brasil estava no limiar da República e da Abolição da Escravatura.
Quando a peça começa, o pintor Pedro
Américo acredita que terminou de pintar a obra por encomenda da família
imperial, a qual deverá compor o acervo do Museu do Ipiranga, que na ocasião
estava sendo construído. Acontece que Pedro Américo sente que ainda falta
alguma coisa na obra, mas ele mesmo não sabe ainda. O que falta, na verdade, é
uma figura que represente o povo brasileiro. É quando, nos seus delírios de
criação, o pintor recebe a visita daquele caipira que vem reivindicar a sua
inclusão na pintura.
“Ele quer ser pintado de qualquer
jeito, mas o pintor resiste, porque está cansado e tem pressa de entregar a
obra”, diz Tarcísio. “A peça inteira é a luta do carroceiro para ser incluído
no retrato, e ao longo do conflito entram vários questionamentos sobre aquela
obra que ficou para a história como o único retrato do momento da
independência”.
Outras informações sobre o prêmio, e
também sobre os vencedores de outros estados, podem ser conferidas na página da
Funarte.
https://antigo.funarte.gov.br/edital/premio-funarte-de-dramaturgia-200-anos-de-artes-no-brasil/